sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O Deus nosso que inventamos a cada dia


Segundo o grande Novelão, o barba branca estava bolando alguma coisa pra criar além da Galáxia com as constelações, estrelas, planetas e todas as coisas vivas deste que chamamos de Terra, obra prima e o xodozinho do Pai quando, num arroubo de egocentrismo, teve a suprema idéia de criar o homem à sua própria imagem e semelhança. Soprou-lhe a vida e o tédio e em seguida fez a mulher, mais bem acabada pouquinha coisa. Certamente Deus também emprestou ao casal recém criado seu caráter, pois filho de peixe, escamoso é. Em seguida, pra ter o que fazer, criou a limitação do fruto proibido, pôs uma serpente longa e lasciva pra competir com a cobra viril e bonitinha do Adão e a dita cuja inspirou em Eva aquela vontade louca de comer maçã, pois no paraíso não tinha graviola, fruta muito mais interessante. Foi assim que Deus criou (ele mesmo) o pecado pra azucrinar a cabeça até então desprovida de malícia dos humanos e arrumar motivo pra fazer o que mais gosta: punir! Expulsou o casal do Éden, fê-los passar fome, frio e envelhecer, ter vontade de trepar depois de brigar por ninharias e fazer os primeiros filhos ambiciosos, igualmente filhos de Deus.

O resto a gente já sabe: fome de poder, guerras, vinganças, conquistas, massacres, ditaduras políticas e religiosas e tudo sempre bem justificado em nome de Deus.

Mas os humanos constróem belos templos e cidades que nem sempre destroem o meio-ambiente, então seguimos dizendo que são Raça Superior.

Deus, que saiu de circuito há um tempão, desde que suas insanas criaturas lhe fugiram ao controle - o Cara é controlador pra caramba - e não pisa aqui pra não se sentir responsável por nada que realizam em seu nome, já nem abre mais sua caixa de email, lotada...

Beleza, assim fazemos o que bem entendemos mas sempre em Seu nome.

Saramago já cansou de falar sobre isso, aliás.