domingo, 30 de novembro de 2008

Os homens desejam as mulheres que não existem?

Estava relendo este trecho de um artigo do Jabor:

...Só vejo meninas oferecendo a doçura total, todas competindo no mercado, em contorções eróticas desesperadas porque não têm mais o que mostrar.
Nunca as mulheres foram tão nuas no Brasil: já expuseram o corpo todo, mucosas, vagina, ânus. O que falta? Órgãos internos?


A exposição é grande, a oferta imensa... tem uma estória que já vivi zozentas vezes. O sujeito cai do céu em algum curso da Caerj, baile de salão, avião, encontro social qualquer e que é tão simpático, não tem pressa de me conhecer. Trocamos emails e depois telefonemas, pois sempre há um projeto de trabalho envolvido. Aí de repente o fulano vira pretendente e precisa me reencontrar com urgência!

Agora sim, é pra sair, voar de asa delta, ir ao cinema já! Como atualmente temos no dia-a-dia coisas como Messenger, aproveito pra cutucar um pouquinho mais e lá pras tantas do chat online vem a revelação fatídica: é casado, sim senhora, vai fazer um cruzeiro de 4 dias com a namorada, e por isso nosso encontro é pra ontem ou só pra semana que vem, quando tiver vaga...

Uns arrefecem quando o segredinho deles vem à tona da minha bisbilhotice, outros insistem no encontro e sentem-se insultados em caso de recusa. Fico bege: como conseguem ser tão cara de pau e se sentirem tão seguros na cantada? É que o topa-tudo é panorâmico a promisquidade tornou-se o padrão, não mais a excessão à regra. Simples assim. Eles nada tem a perder em tentar trepar com todas as mulheres que andam por aí. Elas estão expostas em vitrines virtuais, desfilando em mini roupinhas, malhadas e desponíveis. E a maioria... topa!

Jabor escreveu ainda:

... Silicone, pêlos dourados, bumbuns malhados, tudo para agradar aos consumidores do mercado sexual. Vejo que no Brasil o feminismo se vulgarizou numa liberdade de "objetos", produziu mulheres livres como coisas, livres como produtos perfeitos para o prazer. A concorrência é grande para um mercado com poucos consumidores, pois há muito mais mulher que homens na praça (e-mails indignados virão...).
Nunca as mulheres foram tão nuas no Brasil...

...mas todas nos olham dentro dos olhos como se dissessem:"Venham...eu estou sempre pronta, sempre alegre, sempre excitada, eu independo de carícias, de romance!..."

...Tanta oferta sexual me angustia, me dá a certeza de que nosso sexo é programado por outros, por indústrias masturbatórias, nos provocando desejo para me vender satisfação.

...Mas, na verdade, elas querem amar e ser amadas, embora tenham de ralar nos haréns virtuais inventados pelos machos.

...Por isso, com a crise econômica, o grande sucesso são as meninas belas e saradas, enchendo os sites eróticos da internet ou nas saunas "relax for men", essa réplica moderna dos haréns árabes. Esta é a utopia masculina: satisfação plena sem sofrimento ou realidade.

...A democracia de massas, mesclada ao subdesenvolvimento cultural, parece "libertar" as mulheres. Ilusão à toa. A "libertação da mulher" numa sociedade ignorante como a nossa deu nisso: superobjetos se pensando livres, mas aprisionados numa exterioridade corporal que apenas esconde pobres meninas famintas de amor e dinheiro. A liberdade de mercado produziu um estranho e falso "mercado da liberdade". É isso aí.


É isso ái, Jabor.

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