sábado, 22 de novembro de 2008

Tribalistas

Ser de ninguém


A. Jabor (será mesmo???)


Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates,

nos bares, levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também".

No entando, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados,

os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.

A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.

Não, infelizmente pra ficar somente com a cereja do bolo, beijar de língua, namorar e não ser de ninguém.

Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte. Não saber que se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc.

Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.
Namorar é algo que vai muito além das cobranças.
É cuidar do outro e ser cuidado por ele. É telefonar só pra dizer bom dia. Ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo pra chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter "alguém pra amar".
Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento...



Pois é...

Duvido que a autoria seja do Jabor, mas sempre dão autoria a ele e ao Veríssimo, João Ubaldo, Neruda ou Confúcio!!! Ainda não li nada de Tiradentes mas vou criar um texto "dele" já já.

O conceito tá perfeito
apesar de piegas mas tudo conspira contra...

Outra noite um indivíduo cujos cornos jamais vi antes insistia pra dançarmos um forró na parte alta e ainda desocupada de gente da Casa Rosa em Laranjeiras... Desconfiada, perguntei se ele sabia dançar forró... claro, insiste o cidadão e me leva lá pra cima pra provar suas capacitações. Não sabia, é óbvio, e queria mesmo se atracar com minha incauta pessoa, mais óbvio ainda. Sugeri aulas práticas em alguma academia, iniciei-o em dois passinhos básicos já que sou, eu mesma, professora da matéria, e ele finalmente confessou que queria mesmo é "ficar" comigo... Confirmei junto ao suplicante o já sabia, "ficar" em linguagem contemporânea é " beijar" né? É, responde a criatura. E porque haveria eu de beijar um desconhecido? Peço licença pra descer e ele sai primeiro, chateado... Incrível, ainda ficou chateado!!!
Acho que desta encarnação saio ilesa de um mísero relacionamento verdadeiro, mas... fazer o que?

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