sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Paixonites

Amanheceu mais um dia de pálido inverno em Paris. Meio nublado mas os violetas e rosas bailando sobre as nuvens se apoiam sobre o cinza claro dos telhados de zinco e aquelas chaminés pontudinhas apontam alaranjadas pro céu. 

Algum dia um barbeador cintilante como o alumínio das gruas incansáveis que levantam prédios ameaçadores nas periferias de Paris podará estas protuberâncias obsoletas dos telhados. Se a tenacidade dos franceses em contestar tudo que rompe com suas tradições não gritar forte neste momento, perderemos pra sempre as milhares de charmosas verruguinhas cor de abóbora. 

Estas chaminés foram proibidas de tossir suas fumaças de carvão que durante séculos empreteceram as fachadas de alva pedra calcária e fecharam seus olhos pro tempo que a cidade era mais austera graças a cor escura de seus edifícios elegantes. 
Estão cegas, limpas e decorativas. 

É hora do café. 

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