domingo, 25 de abril de 2010

Pudim e mentiras



O cidadão me comia com os olhos desde que cheguei no forró das segundas do Severina. Eu estava acompanhada de uma hóspede suíça, um parceiro da dança de salão que tem bicho carpinteiro no corpo e botamos pra quebrar. Lá pra meia noite o grandão finalmente toma coragem e vem puxar assunto. Ele ia falando e eu pensava, "É o meu tipo"... Pra dar uma ajudinha espantei os colegas trêbados dele e ofereci-lhe carona por Iate Clube, onde estava ancorado o veleiro de 26 pés que ele construiu pra morar sozinho. Não tem mais casa, seu lar é seu barco.

Mergulhador profissional da Petrobrás, auto didata em Francês, 1.90, mal cabia no barco... O meu tipo... A idéia inicial era me convidar prum passeio na semana seguinte mas acabamos aceitando uma visita ao barco na mesma noite. Difícil passar as convidadas pela guarita do Iate, e ainda acordamos o barqueiro Cocoroca com chamadas de rádio, pra nos levar de lancha pro veleiro ancorado na baía de Guanabara.

A bordo, o papo fluía entre um chá com mel e outro, o gatão ia mostrando seu filme e livro favorito e me pedindo pra ensiná-lo a dançar. Quem sabe... a Suícinha bem tinha me perguntado ainda no carro se era mesmo pra ela ir e eu confirmei. Sei lá se o desconhecido fica inconveniente, você é meu escudo de defesa, amiga!

E não deu outra. Eram quase três da manhã, eu ficando com sono, ele aproveitou pra me pegar no colo, e me instalar na horizontal no cockpit onde também se esticou e foi chegando de corpo inteiro. Pera lá! Assim? Na xinxa? Diante da platéia?

Nada feito, lobão. Pedimos pra chamar o barqueiro Cocoroca. Ele fez corpo mole, mas nós estávamos decididas e aproveitei pra pedir fazer um xixi. Meia hora depois veio o o Cocoroca, agradecemos a visita e o bonitão nos levou até meu carro, louco pra me rever.

No dia seguinte ele mandou email e ligou do Santos Dumont pra saber se na volta de uma viagem a trabalho em Vitória a gente ia "velejar". E então a Suíça me contou um detalhe novo: enquanto eu fui fazer xixi ele ainda insistiu pra que ficássemos a bordo mais um tempinho e como ela ameaçasse pegar o microfone pra chamar o barqueiro Cocoroca ele se antecipou e disse que chamava se ela lhe desse um beijo...

Cara, nem preciso dizer que não deu em nada, né? Trocamos mais uns emails, ele agiu como ofendido e inocente, eu titubeei, ele azulou e ainda estou pensando no assunto... Daqui a pouco passa, paciência.

Meninos, pudim a gente tira do forno, espera esfriar, pôe na geladeira, espera uma horinha, desenforma e aí sim, se lambuza.

Quente, dá dor de barriga !

Ai que raiva, o grandão ainda não me saiu da cabeça !

Adendo em 28/04/2010: Dei uma de detetive e procurei por Ricardo e pelo veleiro Viramundo na web. Batata! O sujeitinho é bem casado e tem um filhinho de um ano e meio, por isso a pressa. Senti alívio e pena da esposa dele.

Haja mentiras... mas isto é assunto pra outra crônica. As mulheres brasileiras são coniventes a estes maridos? Ou são sempre enganadas? E dão o troco? Será que é por isso que nossos machos são tão apavorados com o eventual porte de chifres?

4 comentários:

Diva Duarte disse...

Soube pela Julia que você não gostou da versão do Tim Burtom de Alice no País das Maravilhas. Detestei! achei abaixo da crítica e queria saber sua opinião. Beijos, Diva Duarte

leonora luz disse...

Achei fraco também, Diva. O roteiro é uma sucessão de corridas e voos sobre a cacunda de animais bizarros e não há nada nas entrelinhas, um suspiro de vida pensante. As imagens, efeitos e atuações dos atores principais é excelente, fica valendo pelo visual.

Miss Celaneus disse...

Isso também é conto de fadas, ou reportagem mesmo ?

leonora luz disse...

Reportagem mesmo: caso verdade, como faz a Globo :)